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Mudar os sulcos mentais é fundamental na recuperação da DQ

  • Foto do escritor: João Henrique Machado
    João Henrique Machado
  • 29 de ago. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 31 de ago. de 2023


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Todos temos padrões, limites e crenças que norteiam como vivemos nossas vidas. Nossa bagagem cultural, vivências e a família de onde viemos criam uma espécie de repertório mental que define nossas decisões cotidianas. E como tomamos decisões a cada minuto de nossas vidas, podemos dizer que agimos conforme fomos “treinados” ao longo do tempo. É o que chamo aqui de sulcos mentais. Imagine uma terra arada na qual você anda sempre no mesmo sulco. Para se libertar de determinados destinos é necessário mudar os caminhos. Para mudar isso, você precisa primeiro mudar a forma com que toma suas decisões. E isso dá trabalho. É por isso que muito se ouve terapeuticamente que “é preciso se trabalhar” para que a vida mude. No caso da dependência química o processo é semelhante. Trabalhar-se é preciso. De nada adianta terapia ou mesmo longas internações se o indivíduo não buscar a mudança como se sua vida dependesse disso. E, nesse caso, literalmente depende!

Você já deve ter ouvido a expressão “malhar em ferro frio”. Ela vem da força descomunal e desnecessária para moldar um objeto metálico sem que antes ele esteja aquecido, amolecido, em uma forja. Aquecer esse material, sua mente, depende da decisão sincera de parar de beber ou usar outras drogas. E essa decisão só se dá com uma coisa chamada aceitação (o que é o princípio espiritual do primeiro passo de AA ou NA). Estar aquecido é estar com a mente aberta (princípio espiritual do segundo passo). Para isso é necessário deixar-se ir para a forja, entregar-se com humildade (princípio espiritual do terceiro passo). Não interessa o meio com o qual você quer ou é mais indicado para você se trabalhar, se com a ajuda de um conselheiro, de um terapeuta, de um grupo de mútua ajuda com 12 passos, de uma religião, de um programa de internação… se você não estiver consciente de que precisará se trabalhar para mudar seus sulcos mentais, não haverá êxito. É aquela coisa que Einstein já dizia: “insanidade é continuar fazendo sempre as mesmas coisas esperando resultados diferentes”.


Seguindo adiante, outra coisa que parece óbvia, mas que poucos fazem é, antes de começar qualquer jornada deve-se procurar saber onde se está. Se você não sabe onde está, não há mapa que possa lhe ajudar. Se não sabe minimamente quem você é ou como pensa, como vai buscar uma forma de pensar (e de tomar decisões) diferente da que usa atualmente? Isso se chama necessidade de autoconhecimento. E, é claro, temos de lembrar o que Lewis Carroll escreveu em Alice no País das Maravilhas: “para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”. Ou seja, precisamos, mais do que um rumo, um objetivo mais claro possível.


Juntando tudo isso, entenda que é preciso ganhar entendimento sobre o você quer e o que não quer na sua vida. Precisa, de algum modo, ter consciência sobre como os sulcos mentais nos quais você está caminhando estão criando situações que você não quer. É preciso obter ferramentas para pensar, falar e agir em uma nova programação, uma que mostre claramente o que você quer, ou melhor, o que é melhor para a sua vida. É necessário treinar essas ferramentas seja nas suas atividades diárias, seja em uma internação. Elas precisam ser desafios até que os novos comportamentos se tornem quase automáticos. Uma vez que você mude sua maneira de pensar e de sentir, muda, sua vida interna e começa a refletir confiança para seguir em frente sem álcool ou outras drogas.


Partes de você que estão escondidas querem se expressar. Elas chegam por meio de paixões, curiosidades ou outros prazeres momentâneos que você acha que só as drogas proporcionam. Partes carregam muita dor há muito tempo e você precisa descansar. E há partes que você nem sabia que existiam dentro do peito ou da mente, mas que agora, se você der atenção elas, vão se tornar a força necessária para seguir em frente. É preciso decidir ser feliz sem álcool e drogas. Caminhos há. Ajuda há. Você sabe disso. Decida-se e vá em frente.



João Henrique Machado

Jornalista, consultor em Dependência Química


Lembrando:


1º Passo de AA – Admitimos que éramos impotentes perante o álcool e que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.


2º Passo de AA – Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.


3º Passo de AA – Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.


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